domingo, 30 de novembro de 2008

Wlater Moura

ENTREVISTA: WALTER ROURA - Presidente da International Federation of Sports Medicine (FIMS)


Como fazer para que as pessoas se exercitem regularmente?

Realizado entre os dias 18 e 23 de novembro em Barcelona (Espanha), o 30o Congresso Mundial de Medicina do Esporte reuniu mais de 1.200 especialistas de 67 países diferentes e apresentou cerca de 500 estudos diferentes. Na opinião do presidente da International Federation os Sports Medicine (FIMS), Walter Frontera Roura, o evento reafirmou os avanços da área e apontou novos rumos no ano em que a instituição completa 80 anos. Em entrevista à Agência Notisa, Roura fez um balanço das atividades do congresso e defendeu a necessidade de a área expandir-se cada vez mais para além do treinamento de atletas. Durante café da manhã no hotel AC Barcelona, ao lado do Centro de Convenciones Internacional Barcelona (CCIB), o professor da faculdade de medicina da Universidad de Puerto Rico apontou, ainda, o papel que a medicina do esporte pode desempenhar no busca por respostas frente ao envelhecimento da população mundial e o concomitante avanço das doenças crônicas.

Notisa – Como a medicina do esporte pode contribuir para um mundo melhor?

Walter Roura – Este é o tema do congresso, e eu acho que existem diferentes maneiras. Só o fato de nós promovermos a prática de esportes e a participação de inúmeras nações do mundo na área [medicina do esporte] não deixa de ser uma maneira de promover a paz e, esperamos, um mundo melhor.

Notisa – De que forma isto é feito?

Walter Roura – Mais especificamente, no que diz respeito à nossa atuação científica, o que fazemos é promover o exercício, a atividade física e os esportes como uma maneira de melhorar a qualidade de vida. Nesse contexto, há duas grandes vertentes. A primeira é a mais conhecida: os esportes de competição, com as modalidades olímpicas sendo sua face mais visível. A medicina ligada aos esportes olímpicos pode contribuir fazendo com que, quando aumentamos a qualidade de um programa de treinamento e prestamos o atendimento médico que os atletas exigem, possamos diminuir os riscos e recuperar lesões que eventualmente os estão atingindo. Todas essas questões estão relacionadas à tentativa de melhorar a performance dos atletas.

Notisa – E a segunda?

Walter Roura – A segunda linha de atuação é o uso do exercício e da prática de esportes para prevenir e tratar doenças crônicas. O argumento básico dessa abordagem, intimamente ligada à saúde pública, são as inúmeras evidências científicas. Hoje, nós sabemos que, se um indivíduo pratica um esporte regularmente, determinadas doenças crônicas podem ser prevenidas, como doenças cardíacas, diabete, obesidade, hipertensão e até mesmo alguns tipos de câncer. Inclusive acreditamos que este seja um caminho muito importante para a medicina do esporte, o que aumenta consideravelmente o escopo de atuação da área, e inclui aqueles que não são atletas de competição.

Notisa – Quais foram os principais avanços feitos nesse sentido, levando-se em consideração que a medicina do esporte, em geral, é associada apenas ao tratamento de atletas?

Roura – De fato, a face mais comum da medicina do esporte é a atuação voltada para atletas de elite, e eu considero que nós temos que ir além e incluir, como já disse, atividades de promoção do esporte como meio de melhorar a saúde e prevenir doenças. Mas, nos últimos 10 anos, inúmeras pesquisas mostraram que o exercício pode ser usado na prevenção primária de doenças crônicas, ou seja, antes de elas aparecerem, e é importante enfatizar esta questão: que o risco de uma pessoa vir a desenvolver uma doença crônica é mais baixo quando ela se exercita. Isso é algo que nós já sabemos há algum tempo, mas não existiam evidências tão consistentes para determinadas doenças como demonstrado na última década.O segundo ponto é que não se trata apenas de estudos que demonstraram esta a associação entre atividade física e risco menor de doenças. Na verdade, cada vez mais os estudos têm, de fato, investigado intervenções utilizando o exercício como meio de prevenir que um determinado grupo de indivíduos com alto risco para, por exemplo, diabetes venha a desenvolver o quadro. Tais pesquisas têm mostrado que esta é uma estratégia eficaz.

Notisa – Diante do envelhecimento da população, você considera o enfrentamento das doenças crônicas como sendo o grande desafio da medicina do esporte? Além deste, que outros você citaria?

Roura – Você mesmo já mencionou um dos principais: o envelhecimento da população. Por muitos anos, nós focamos na promoção do esporte e da atividade física entre homens e mulheres jovens e saudáveis. Porém, a realidade demográfica nos mostra que o número e o percentual de pessoas nos grupos etários mais avançados está crescendo dramaticamente. Realmente, em muitos países, nas próximas duas décadas, cerca de 25% da população terá mais de 65 anos de idade. Isso está acontecendo em todo o mundo, talvez com exceção de alguns países africanos. Posso dizer que estamos enfrentando o envelhecimento da população, não apenas o envelhecimento de um indivíduo, mas de todas a sociedade.

Notisa – Há mudança de comportamento entre os idosos?

Roura – Isso mesmo, nesse contexto, outro ponto interessante é que este é um processo no qual as pessoas não estão apenas vivendo por mais tempo, elas também estão mais saudáveis, atingindo idades mais avançadas sem doenças crônicas – e elas querem continuar ativas. Em geral, são pessoas que não querem se adaptar a um estilo de vida sedentário, e no caso daquelas que se mantêm inativas, nós devemos contribuir para evitar que isso ocorra, tendo em vista as conseqüências negativas para a saúde.

Notisa –Qual o caminho para oferecer estratégias de atividade para os mais velhos?

Roura – O desafio que se coloca é o de adaptarmos nosso conhecimento sobre exercícios e atividades físicas em populações mais jovens e aplicá-lo aos idosos. É claro que isso demanda novos estudos. Nós não podemos extrapolar dados produzidos com base em um indivíduo de 20 anos para outro com 75. Nos últimos 15 ou 20 anos, foram conduzidas pesquisas significativas mostrando que o exercício pode ser seguro e eficaz em mulheres e homens mais velhos. Tais pesquisas são, em algum grau, independentes dos estudos acerca da relação entre exercício e doenças crônicas. Há, obviamente, uma certa sobreposição, mas existem diferenças significativas. Do meu ponto de vista, este é o principal desafio para o futuro.

Notisa – Mais do que enfrentar o avanço as doenças crônicas?

Roura – Eu colocaria as duas questões na mesma categoria. Eu diria que a medicina do esporte tem que continuar a fazer parte deste esforço em melhorar a performance humana, o tratamento de lesões de atletas. Porém, ao mesmo tempo, ela deve se debruçar sobre essa importante tendência das sociedades. Hoje, nós temos as doenças crônicas e o envelhecimento, e ambos exigem a devida atenção.

Notisa – Durante o congresso, foram apresentados estudos de diferentes áreas da Medicina, como cardiologia, ortopedia, fisiologia e genética. Qual é a importância de um olhar multidisciplinar?

Roura – Eu considero que a abordagem multidisciplinar é a correta, e isso decorre de diferentes fatores. Um deles é o fato de que, nos últimos 50 anos, houve um crescimento dramático da quantidade de informação sobre a saúde e as doenças humanas. É muito difícil para um único indivíduo ter a resposta para um paciente ou uma situação em particular. É por isso que eu acredito que nós precisamos de pessoas com experiências e especialidades diversas para lidar com as necessidades do paciente. Nesse contexto, é fundamental que os diferentes profissionais atuem de maneira coordenada com o objetivo de evitar um tratamento fragmentado. Nós temos que não apenas ter a certeza de que dispomos de indivíduos com o conhecimento e a habilidade necessárias para tratar do pacientes, mas também de que eles vão trabalhar juntos.

Notisa – Isto implica em algumas mudanças, certo?

Roura – Este é um desafio e tanto, pois a medicina tradicional é calcada na abordagem individual do paciente e, hoje, se nós queremos oferecer o melhor tratamento possível, nós temos que trabalhar em equipe. Tal fato não se aplica somente ao atendimento do paciente, mas também à pesquisa. As demandas que se colocam à pesquisa científica exigem especialistas em diferentes áreas. Não é fácil lidar com um problema científico significativo na atualidade sem ter ao lado colegas com experiência e conhecimento em áreas nas quais nós não temos. Não apenas o atendimento médico, mas também a ciência deve ser feita em equipe.

Notisa – Na sua opinião, qual é a principal mensagem do congresso para a comunidade científica e para o público leigo?

Roura – Essa é uma boa questão. Para os médicos, a mensagem parece ser que o conhecimento, na medicina do esporte, tem crescido dramaticamente. Neste congresso, nós apresentamos a eles o estado da arte – nível mais alto de conhecimento e aplicação prática até o momento – em diferentes aspectos da área, e esta é uma informação que ele deve ter em mente em sua prática clínica. Já a mensagem para o público em geral é a de que, como dissemos antes, hoje, nós temos uma extensa literatura científica mostrando que a prática regular de atividade física é boa para a sua saúde e contribui para a prevenção de doenças crônicas importantes.

Notisa – Qual a contramão dessa história?

Roura – O problema que nós temos é que, a despeito de todo o conhecimento publicado em livros e periódicos científicos, a maioria da população mundial não é fisicamente ativa. Um dos desafios que temos, então, é: como fazer com que as pessoas se exercitem regularmente? Como fazer com que elas incorporem a atividade física à vida diária? Essa é uma área de pesquisa que precisa ser expandida, uma área mais comportamental de pesquisa e, a menos que possamos descobrir como fazê-lo, nós alcançaremos apenas um sucesso parcial.

Notisa – A psicologia comportamental não poderia ajudar a medicina do esporte a encontrar tais respostas?

Roura – Eu concordo com você. Essa é uma das áreas que temos que expandir. Precisamos buscar profissionais treinados em psicologia comportamental realmente interessados em descobrir como fazer para que as pessoas se tornem fisicamente mais ativas, como convencê-las a iniciar um programa de exercícios e a manter a atividade física como parte da vida diária. Voltando à importância das equipes multidisciplinares, esta questão comportamental é um ponto que precisa ser encarado, e eu não acho que alguns dos excelentes pesquisadores que temos na área são treinados nesta habilitação em particular. Então o que nós podemos fazer? Nós temos que convidar aqueles que têm este conhecimento e colocar o problema para eles e perguntar: como vocês podem nos ajudar a responder esta questão? Acredito que este é um ponto que pode ser acrescentado aos desafios a serem enfrentados [pela Medicina do Esporte] nos próximos 10 ou 20 anos.

Notisa – Já existe alguma pesquisa nesse sentido?

Roura – Já existem algumas pesquisas, e elas são boas. Mas este tópico exige ainda mais trabalho. Nós precisamos ter uma compreensão muito melhor para fazer isso. Lembre-se de que temos que entender como intervir em diferentes grupos etários, constituídos por homens e mulheres, inseridos em contextos culturais diversos. Uma coisa é promover a atividade física no Brasil, outra é fazê-lo na Índia. Além disso, precisamos de pessoas com o conhecimento necessário e que tenham interesse em identificar fatores que podem predizer quem irá aderir ao programa de exercício? Entre aqueles que não o fizerem, por quê isto ocorreu? O que nós podemos fazer para que eles participem?

Notisa – Esta é uma barreira apenas com relação ao exercício físico?

Roura – Não, esse é um problema que não se restringe ao exercício. Na medicina em geral, os médicos prescrevem as drogas e os pacientes simplesmente não as tomam, por exemplo. É um problema sobre o qual devemos falar. É muito frustrante perceber que nós sabemos como tratar uma doença, nós demos a medicação ao paciente, e ele não a utiliza. É claro que existem razões para isso. Alguns podem não ter o dinheiro para comprar o remédio, outros podem considerar que não é a melhor maneira de tratar a doença. É por isso que considero este um ponto importante para a medicina do esporte. Nós não podemos ignorá-lo, e é um desafio para o futuro.

Notisa – O que se pode esperar para o próximo congresso em 2010, sobretudo levando-se em consideração que ele será realizado no país de origem do senhor (Porto Rico)?

Roura – Eu espero que o próximo congresso seja um sucesso. Para mim, há diferentes fatores. Eu quero assegurar que tenhamos um bom número de participantes e especialistas em Porto Rico. Vou buscar também assegurar o máximo de pessoas da região do Caribe e das Américas Central e do Sul.Levando-se as diversas dificuldades econômicas relacionadas ao deslocamento, eu acho que é importante que congressos dessa natureza sejam realizados o mais próximo possível de diferentes pessoas em diferentes partes do mundo. Viajar não é fácil, logo, nós queremos ter a certeza de que pessoas que talvez não puderam vir para a Europa possam ir ao próximo encontro. Desejamos também, é claro, que o nível científico continue a ser extraordinário, pois o objetivo do congresso é, na verdade, sempre trazer aos participantes a melhor evidência científica possível para embasar o que eles estão fazendo na prática. Por fim, há sempre um componente humano, social no congresso. Queremos que as pessoas se reúnam e conversem umas com as outras. Neste tipo de encontro, todas as atividades sociais fora das salas de conferência estão repletas de discussões científicas, e muitos projetos científicos nascem deste tipo de conversa informal.

Notisa – E do ponto de vista de resultados de pesquisas científicas, o que se pode antever?

Roura – Do ponto de vista científico, há muitas pesquisas que são imprevisíveis, não há como dizer que, em dois anos, que tipo de informações teremos. É isso, inclusive, que faz da pesquisa algo tão interessante. Por outro lado, se você analisar os anais de diferentes congressos ao longo dos anos, irá perceber que há uma evolução de conceitos. Nesse sentido, nós esperamos ver, daqui a dois anos, mudanças nos nossos métodos. Há uma série de tópicos relacionados à genética, por exemplo, que estão se transformando muito rapidamente, e temos certeza de que muitas novas observações poderão ser feitas em 2010.

Notisa – Atualmente, a Internet permite acessar grande parte de toda a literatura publicada sobre um determinado assunto. Nesse sentido, por que organizar um congresso científico ainda é importante?

Roura – Eu entendo o argumento e diria que a publicação eletrônica tornou o fluxo de informação mais fácil e possível realizar uma série de atividades sem viajar. É possível que, em sua Universidade, você possa ter acesso à informação sem nem mesmo ir à biblioteca, pois está disponível na Internet. Porém, isto é parcialmente verdadeiro. A realidade é que, em muitos congressos, os pesquisadores enviam informações que não estão publicadas, talvez até venham a ser publicadas, mas ainda não estão acessíveis. Você pode argumentar, ainda, que basta esperar o congresso terminar e adquirir o livro de abstracts (resumos) e lê-los, mas não é a mesma experiência.

Notisa – Do que mais a internet não dá conta?

Roura – A outra coisa que a Internet não oferece é a oportunidade de encontrar pessoas cara a cara, conversar com elas e, assim, elaborar novas idéias e novos projetos – e isso, especificamente, eu acredito que ainda pode ser mais bem feito em uma situação cara a cara. Eu concordo que a publicação eletrônica tornou nossa vida mais fácil, o acesso à informação é muito mais simples, mas eu não concordo que este seja um motivo para que congressos não mais sejam organizados, ao contrário, eles precisam se multiplicar.

Agência Notisa de Jornalismo Científico (science journalism)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Em jogadores de futebol, ultra-som e exames de sangue podem ajudar a predizer tempo de recuperação após lesão muscular

Estudo espanhol concluiu também que tempo de recuperação foi mais alto em pacientes com baixos níveis de ferritina, o que sugere que isto pode ser um fator de risco para lesões musculares.



Dublin (Irlanda) – Após analisarem 57 jogadores de futebol federados com lesões musculares, pesquisadores espanhóis concluíram que a realização de ultra-som e de exames de sangue pode ajudar a predizer o tempo de recuperação dos atletas. Segundo o estudo, apresentado na sessão de pôsteres do 30º Congresso Mundial de Medicina do Esporte, encerrado ontem em Barcelona (Espanha), as lesões musculares constituem a razão mais freqüente da procura por atendimento médico de jogadores de futebol.



“Diante disso, é necessário fazer um diagnóstico clínico e anatomopatológico para que seja possível definir o prognóstico e o período necessário de recuperação”, afirmam os autores da pesquisa, Rodas, Insunza e Del Valle, da Escuela de Medicina del Deporte, Oviedo, Astúrias (Espanha).



Segundo o pôster, o estudo analisou dados, coletados entre os anos 2000 e 2008, de 56 homens e 1 mulher com idade entre 12 e 39 anos, todos submetidos a ultra-som e exames de sangue. Em geral, ambos são utilizados para identificar a lesão anatômica, e o objetivo do estudo foi verificar se eles podem ser considerados bons testes complementares na hora de determinar o tempo de recuperação do músculo lesionado.



Os resultados mostraram que os atletas com 18 anos de idade foram os que mais sofreram lesão (12,28%) e que 42,10% de todos os participantes havia sofrido injúria em tendão da perna. Além disso, os exames de sangue mostraram que 38,59% apresentavam baixos níveis de ferritina (proteína que contem reservas de ferro) e que 10,52% tinham altos níveis de creatinaquinase (ck) – enzima encontrada no músculo, relacionada ao fornecimento de energia. De acordo com os autores, “o tempo de recuperação foi maior nos pacientes com baixos níveis de ferritina”, sugerindo que isto “pode ser um fator de risco para lesões musculares”.



Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)

Vitamina C pode piorar resistência de atletas, sugere estudo

Cobertura especial – 30º Congresso Mundial de Medicina do Esporte

24/11/2008


Pesquisa espanhola analisou os efeitos da ingestão da substância em humanos e ratos durante um programa de treinamento. Substância é freqüentemente usada por desportistas para combater o estresse oxidativo.



Dublin (Irlanda) – Estudo realizado pela Universidade de Valencia e apresentado durante o 30º Congresso Mundial de medicina Esportiva, em Barcelona, concluiu que a suplementação de vitamina C diminui a eficiência do treinamento na medida em que evita algumas adaptações celulares ao exercício. A pesquisa (duplo cega e randomizada) analisou os efeitos da substância em 14 homens e 24 ratos machos e identificou que a administração de vitamina C dificultava significativamente a capacidade de resistência em ambos os grupos.



Segundo o pôster do estudo, os efeitos adversos podem ser explicados pela diminuição da expressão induzida pelo exercício dos fatores chave de transcrição envolvidos na biogênese das mitocôndrias (organelas celulares), especificamente: PGC-1, NRF-1 e mTFA.



“A vitamina C também impediu a expressão induzida, pelo exercício, do citocromo C (um marcador de conteúdo mitocondrial) e das enzimas antioxidantes superóxido dismutase e glutationa peroxidase”, afirmam os autores no artigo.



Eles destacam que os praticantes de esporte freqüentemente tomam vitamina C, pois o exercício exaustivo gera estresse oxidativo, o que pode causar lesão tecidual. Entretanto, há um debate considerável com relação aos efeitos benéficos deste procedimento como demonstrado no estudo.




Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Medicina esportiva

ENTREVISTA: JOSÉ KAWAZOE LAZZOLI



Dublin (Irlanda) – Começam amanhã e vão até domingo, dia 23 de novembro, em Barcelona (Espanha) os trabalhos científicos do 30º Congresso Mundial de Medicina dos Esportes. O presidente eleito da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte e editor-chefe da Revista Brasileira de Medicina do Esporte, José Kawazoe Lazzoli, que estará presente ao evento, afirma, em entrevista, que a medicina do exercício e do esporte produz um conhecimento e uma assistência que beneficia todos os cidadãos, desde atletas de ponta a pacientes portadores de doenças crônicas. O cardiologista, membro da Câmara Técnica de Medicina Desportiva do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro, também alerta que são necessárias políticas públicas eficientes que promovam a prática dos exercícios físicos para todos os segmentos da sociedade. A partir de amanhã, o correspondente da Agência Notisa na Europa, Gustavo Oliveira, estará cobrindo, diretamente de Barcelona, o 30º Congresso Mundial de Medicina dos Esportes.




Notisa - Às vésperas do maior e principal congresso do mundo de medicina do esporte, que avaliação o senhor faz da especialidade?



José Lazzoli – A medicina do exercício e do esporte é uma especialidade em franco crescimento. Hoje, a população em geral está cada vez mais consciente de que a prática regular de exercícios é parte fundamental de qualquer estratégia de promoção da saúde. Indivíduos que praticam exercícios têm menor chance de desenvolver uma série de doenças crônicas, além de viverem mais e com melhor qualidade. Por outro lado, os atletas de alto rendimento têm à sua disposição técnicas cada vez mais sofisticadas para melhorarem o seu desempenho sem sacrificarem a sua saúde. E é por trabalharmos com todo esse espectro da população (atletas de alto rendimento num extremo, indivíduos comuns que praticam exercícios para manterem a saúde e indivíduos portadores de diversas doenças, que utilizam o exercício como parte importante do seu tratamento, no

outro extremo), utilizando um mesmo instrumento – o exercício físico – de forma individualizada, que podemos dizer que a medicina do exercício do esporte é uma especialidade única.



Notisa – Quais serão os principais assuntos discutidos ao longo do congresso? O senhor destacaria algum em particular?



José Lazzoli – Dentro da abrangência de assuntos que encontramos em um congresso de medicina do exercício e do esporte, eu destacaria, entre outros assuntos, (1) as estratégias para melhorar o desempenho de um atleta de elite, de forma limpa e saudável – nutrição e suplementos no esporte, fisiologia do exercício, controle anti-doping –, (2) as novas técnicas para prevenir e tratar lesões dos ossos, articulações e músculos, tanto de atletas de ponta quanto de praticantes de exercícios em caráter não-competitivo e (3) os novos grandes estudos populacionais que corroboram o uso clínico do exercício físico como componente fundamental do tratamento de uma vasta série de doenças cardiovasculares, respiratórias e metabólicas.



Notisa – Qual é a sua avaliação em torno da qualidade da produção científica na área de medicina do esporte, considerando os avanços já feitos e as atuais perspectivas?



José Lazzoli – O conhecimento médico avança de forma muito rápida em todas as especialidades e a medicina do exercício e do esporte não é exceção. É justamente a pesquisa que proporciona as novas técnicas, os novos tratamentos; é justamente a pesquisa clínica que permite que tenhamos tanta convicção com relação ao papel benéfico do exercício para a saúde. As perspectivas atuais caminham para uma medicina cada vez mais capaz de prevenir doenças preveníveis (minha redundância é proposital), pois diversos estudos nas últimas décadas já foram capazes de identificar as características (que nós chamamos de "fatores de risco") associadas ao surgimento de uma série de doenças crônicas. Estamos

avançando muito nas informações científicas que geram recursos que nos permitem reduzir as chances de desenvolver tais doenças, mas é necessário avançar mais na implementação de políticas de saúde pública que contemplem também a prática regular de exercícios pela população. Esta é, sem dúvida alguma, uma intervenção com uma relação custo/benefício extremamente interessante.



Notisa – Mais especificamente, nesse contexto, qual é sua opinião sobre a atual produção científica brasileira na área da medicina do esporte comparada ao nosso passado e aos países desenvolvidos?



José Lazzoli – Este aspecto fica muito claro quando debruçamos o nosso olhar sobre a Revista Brasileira de Medicina do Esporte, que é o órgão científico oficial da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte. A RBME é hoje a revista científica mais importante dentro da especialidade na América Latina. O número de artigos originais, com dados de pesquisadores brasileiros, aumentou cerca de nove vezes nos últimos 11 anos. Quando comparamos nossa produção científica com os países desenvolvidos, principalmente com os países europeus e da América do Norte, talvez haja diferenças na disponibilidade de infra-estrutura – considerando-se a utilização ampla do termo –, mas os pesquisadores brasileiros da nossa área são muito capazes e criativos, com uma produção que qualitativamente pode ser comparada aos melhores centros de pesquisa do mundo.



Notisa – De que maneira a medicina do exercício e do esporte pode servir também ao indivíduo comum, que não pratica esporte?



José Lazzoli – Como já disse, a nossa especialidade lida não somente com o atleta de alto rendimento, cujo objetivo é melhorar o seu desempenho, mas também com o indivíduo comum, que pratica exercícios para aprimorar a sua saúde; e, além disso, com o indivíduo portador de alguma doença cardiovascular, metabólica, respiratória ou osteomioarticular, que apresenta limitações e que utiliza o exercício como instrumento de reabilitação e tratamento da sua doença, com a intenção de prolongar a sua vida, melhorando também a sua qualidade de vida. Como exemplos, podemos citar os portadores de doenças cardiovasculares, como a doença obstrutiva das artérias coronárias ou os portadores de insuficiência cardíaca (por dilatação do coração): esses indivíduos têm diversas limitações em seu dia-a-dia, muitas vezes sendo incapazes até mesmo de desempenhar

tarefas simples do cotidiano. Com a prática regular e supervisionada de exercícios, não somente aumentam a sua capacidade funcional, como também passam a ter menor possibilidade de uma morte prematura, conforme demonstram grandes pesquisas clínicas. É importante destacar que, nestes casos, o exercício sozinho não é nenhuma panacéia, mas é parte de uma estratégia traçada a critério médico, que contempla o uso de medicamentos de boa qualidade, uma alimentação correta e, naturalmente, a prática de exercícios sob orientação médica.



Agência Notisa (jornalismo científico - science journalism

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Violência em estádios de futebol não é prioridade para políticas públicas

14/10/2008
Violência em estádios de futebol não é prioridade para políticas públicas
Pesquisadores de Pernambuco afirmam que o problema tem que ser analisado sob o prisma de saúde pública.

Um levantamento de dados bibliográfico efetuado por Ricardo Alexandre Guerra Vieira (especialista em pedagogia dos esportes) e Gisela Rocha de Siqueira (mestre em saúde coletiva) mostra que a violência que ocorre nos estádios de futebol não é prioridade nas políticas públicas do país. Com o objetivo de focar nas lutas entre componentes de torcidas organizadas, sob a perspectiva da saúde pública, os pesquisadores da Universidade de Pernambuco e da Faculdade Integrada do Recife efetuaram uma revisão bibliográfica em obras de referência – livros, periódicos, anais de congressos nos idiomas português e inglês – e busca nas bases de dados Lilacs, Medline, Scielo e Bireme. Também realizaram consulta à Secretaria de Saúde Pública e à Policia Militar do Estado de Pernambuco, segundo afirmam em artigo publicado na revista Saúde e Sociedade de julho-setembro de 2008.

Para os autores, a questão da violência dentro dos estádios de futebol tem que ser assumida também como uma questão de saúde pública na sua origem e não apenas nas conseqüências imediatas. “Se por um lado as vítimas precisam de atendimento nos serviços de urgência e de uma atenção especializada no que se refere à reabilitação física, psicológica e assistência social, entre outras coisas, por outro, a área da saúde não deve continuar, como tradicionalmente tem feito, concentrando seus esforços em atender apenas os efeitos da violência, isto é, reparando os traumas e lesões físicas nos serviços de emergência e prestando atenção especializada nos processos de reabilitação, nos aspectos médico-legais e nos registros de informações”, afirmam no artigo.

Sua proposta reflete uma tendência iniciada há mais de 15 anos em países preocupados com o número de mortes e acidentes gerados pela violência entre torcedores. “Na década de 1990, a preocupação com o tema ganhou prioridade e, nas agendas das organizações internacionais do setor, a violência, pelo número de vítimas e a magnitude de seqüelas que produz, tanto num nível orgânico quanto no emocional, passou a adquirir um caráter endêmico e passou a ser relacionada como um problema de saúde pública em vários países”, dizem os pesquisadores.

Entretanto, segundo concluíram após o levantamento, o Brasil está longe de qualquer perspectiva do gênero, pois, escrevem, “ficaram constatadas a escassez de dados relacionados ao assunto, a subutilização dos dados existentes e a falta de intercâmbio entre as instituições para utilizá-los na criação de mecanismos de reflexão e ação conjunta em busca de soluções para o problema”.


Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)

terça-feira, 24 de junho de 2008

Drogas e drogas no Santos Futebol Clube

Publicada em 24/6/2008 às 11:34

Rodrigo Souto é pego em exame antidoping
Substância encontrada na urina do atleta, por enquanto, ainda não foi divulgada
Santos esperava lucrar com possível saída do jogador para o exterior (Crédito: Ivan Storti)
LANCEPRESS!

O time já está uma droga!!!!! Imagina com drogas...